quinta-feira, julho 01, 2004

O TEMPO NÃO PÁRA

Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado.

EXAGERADO
cazuza - ezequiel neves - leoni


Fui no cinema assistir o Cazuza – O tempo não pára. Fiquei passado. Gostei do discurso do filme e da maneira que o Cazuza foi reconstruído, emocionado com a interpretação que o ator Daniel de Oliveira colocou na telona. Soou meio saudosista, mas tudo bem, gosto de carinho e de cinema.

Voltando pra casa fiquei pensando em tanta coisa que valeria contos ou crônicas... Preciso começar a andar com um gravador de bolso para registrar idéias. Lembrei das coisas que estão acontecendo comigo e na rapidez que tudo vai passando, sem reprise. Gosto de imaginar as luzes dos carros riscando rodovias, tingindo as madrugadas na estrada. É bom. E como esta imagem me conforta, tento ver a velocidade dos eventos da minha vida assim, riscando o escuro, emprestando suas tonalidades, explodindo como sangue, lágrima e porra. O tempo não pára.

Desta última passagem por São Paulo comprei três guias de viagens, dois de Porto Alegre e um de Belo Horizonte. Vontade de ir embora.

Só que meu desejo do dia é um toque de telefone. Como seria bom conversar com um bom amigo! Falar das bobagens cotidianas, da imagem do Saddam, da eleição de São Paulo, dos nossos empregos cansativos e de sexo. E conversar sem os limites da culpa, do erro, da crítica e da infelicidade.

O que sinto é que parece um crime sonhar em ir além, exagerar, berrar, derrapar e tentar, mesmo neste endereço virtual, expressar beleza e coração nas palavras. O tempo vai passando e existe uma idéia geral contra nosso pensamento livre e felicidade (bem) íntima. E não estou falando de nenhuma teoria da conspiração, é só permanecer atento, respirando, desperto e com a cabeça aberta que esta estupidez também vai se mostrar.

Não posso oferecer mais do que sou. Durante muito tempo acreditei em pessoas que diziam ser meu exagero uma tolice, erro e perda de tempo, aceitei isto como um espinho na garganta ou veneno na jugular. Ainda vacilo, mas sei que estas são as minhas conquistas e armas, e são delas que consigo tirar minha essência, vida, mancadas, alegrias e muita vontade de beijar.

Por enquanto não sei o que fazer e nem por onde começar, mas entendo que é o momento de ler bons livros, fazer planos e ouvir Cazuza.