terça-feira, dezembro 14, 2004

As Incríveis Histórias do Futebol

Dois meses de acupuntura e medicina chinesa. Ioga e suco de abacaxi.

A assistente da médica é uma princesa. Dois meses observando Mariana com sua saia branca, cabelos castanhos ondulados e unhas dos pés pintadas. Desejo, libido, perfume, flerte – léxico da moda no manual do intelectual dos trópicos.

(Após dezenas de agulhas, som new age e minutos esticado na esteira oriental coberta pela penumbra, ela aparece para retirar as picadas.)

- Oi.
- Olá, tudo bem? Hoje parece que ela judiou de você!
- Pois é, muita dor nas costas... Já viu...
- É mesmo.

(Impulso provocado pela remoção de uma agulha, acúmulo de ácido lácteo ou alma deslavada. Invisto na clássica estratégia.)

- Você me é muito familiar, tenho certeza que lhe conheço. Onde costuma sair nos fins de semana?
- Eu saio pouco. De vez em quando vou para alguns lugares em Piracicaba.
- Hum...
- Mas a gente deve se conhecer no cotidiano da cidade mesmo. Sempre vejo você andando pelas avenidas, principalmente a da padaria Roma.
- Pois é, se eu não ando meu trabalho não anda... É um vício...

(Ponto! De alguma forma ela já me conhecia, já me observou e tinha registrado meu hábito das caminhadas reflexivas. É aguardar a próxima semana e ensaiar um convite.)

*

(Barba aparada, uma dúzia da agulhas no lombo e os conselhos do general chinês Sun Tzu e do professor Emerson Leão na cabeça: ao ataque!)

- E o namorado?
- O namorado... Ele está bem. Você conhece o Beto?

(Chute no saco ou entrada desleal de zagueiro. Drible do Beto Bom de Bola debaixo das canetas e permaneci de cócoras, sapateando na ponta da área. Baixou o Roberto Avallone.)

- Eu? Eu não, exclamação!