segunda-feira, maio 02, 2005

Walk on the wild side

Dia sim dia não
eles tocam a campainha de casa
vendendo sacos de lixo.
Eu compro.
Existe mesmo muita sujeira por aí.
Um dia
vou junto conhecer a fábrica deles.
Hoje eu sei como se fabrica a sujeira.
Quero saber como se fabricam
os sacos.

Sujeiras
alberto martins


Está fazendo frio aqui no sertão. Ao menos, desta vez, não é só no meu quarto. Manhã gelada de segunda-feira para quem escuta Bonnie Tyler e Ziggy Stardust. Ainda estou preparando aulas.

Tive um final de semana sem sobressaltos, sem grandes encontros. Mas foi bom.

Quase tão bom quanto I Will Survive com o Cake!

Conversei com uma pessoa especial que me fez lembrar do ano de 2002. Ela queria ouvir toda a história que eu, como bom estrategista, não contei. Só algumas partes. Bem, importa dizer que lembrei e avaliei coisas que tinha enterrado, que não mexia, que estoquei, numa caixa de papelão lacrada, encima do armário.

Pensei nos meses de depressão.

Como são as coisas de vida, não é mesmo? De repente passei a entender de neuro-transmissores e da importância destas coisinhas dentro da gente. Não foi siricutico de um ano.

O que deu para entender desta reflexão é que consegui sobreviver, mesmo com as baixas, com as marcas, com o exílio... E que bom ainda estar por aqui! Ótimo, na verdade.

Bacana foi no Sábado. Gnomo passou em casa, pedimos uma pizza e ficamos vendo TV. Mais tarde, bem mais tarde, ele voltou com o Giusti e fomos ao Blues beber. Fiquei na cachaça, eles na cerveja. Estou resfriado, é prudente não beber gelado.

Bateu pesado. Queria dizer isto a eles, mas tive medo de parecer piegas. Nós três, numa mesinha suja, bebendo e falando de sexo. Nenhuma novidade, quase um Coupling tupiniquim. O gostoso veio em sentir que estamos mais velhos, amadurecidos, mais íntimos e amigos. Os dois estavam com seus casacos escuros, reclamando do cheiro de pinga, contando do show de rock e incrivelmente seguros, completos, adultos. Sabe quando a gente se dá conta que o tempo está passando?

Fiquei emocionado e feliz em entender, como certeza matemática, que ainda estamos juntos. Apesar das idas e vindas, do Atlântico, dos neuro-transmissores, do tédio e do amor líquido pós-moderno, ainda encontramos espaço – sagrado – pra nossa cervejinha.

Bem melhor do que Elvis Costello, Zappa e Lou Reed!