terça-feira, março 01, 2005

Clarissa

Te fiz um rock, Melissa
Pode crer que é sobre amor
(...)
Se não tiver como ir pra praia,
não precisa nem estalar os dedos.
Se tu quiser que eu te leve, eu aprendo a dirigir!

Melissa
bidê ou balde


Quantas e quantas vezes Clarissa. Todas elas, eu sempre lembro. Mulher morena, pequeno corpo, olhos escuros. Quantas vezes fiquei parado, olhando, sem saber o que fazer com o coração puro que estava do meu lado. E ela agia.

Clarissa foi muito mais, tanto que não consigo dizer, nem pensar, nem chorar, nem sorrir, nem escrever. Por ela eu só consigo sentir.

Coisas bonitas. Quando lembro dela funciona tal qual magia, como se eu abrisse a boca para voar borboletas, dias na praia, telefonemas de saudades e muito sorvete de flocos. Com ela eu conseguia ser homem bonito e simples, pequeno mais único. Era assim, sempre assim.

Nada ela fez de errado. Eu tive dúvidas e medo e insônia e raiva e pudor e culpa. A culpa nunca é sentimento nobre, diferente do arrependimento.

Pois hoje eu me arrependo de ter deixado Clarissa entrar naquele ônibus sem ter roubado mais um beijo sincero e, ali na Avenida Paulista, exorcizado todos os capetas.

Não deu.

Foi sem nunca me abandonar. A mulher generosa. Sabia que eu não estava pronto e, sabiamente, deixou muitas charadas em meu peito que não tive alternativa senão enfrentá-las. Foi indo com tempo correndo, barba crescendo, bola rolando. Aconteceu.

Aconteceram lembranças boas, doces momentos e deliciosos segredos. Aconteceu em nós dois.

E só.
(E eu aprendi a dirigir!)