Fragmentos, intenções, discursos e saudades
Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Uns Dias
herbert vianna
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Uns Dias
herbert vianna
Voltei. Passei duas semanas correndo e experimentando muita coisa. Coisas boas, coisas ruins. Voltei cansado, barbudo e com sono. Meu estômago também não ajuda!
(Fico pensando o quanto gastei com bebidas nestes dias. Não vou fazer as contas.)
(Quase 100 e-mail´s me esperando em minha caixa-postal. Apenas dois eram pra mim.)
Fiquei uma semana em Campinas, participando de um congresso na Unicamp. Tive problemas com vaidades sortidas, com o calor e com a solidão. Também fiquei intimidado com pessoas inteligentes, mas vazias de coração. Não vou ficar insistindo muito nisto, tudo superado. O que devo – e quero – registrar é que encontrei com a Ana e a Maria! Cervejas e carinhos durante três noites, um verdadeiro tesouro! A Cris apareceu, mas ficou pouco. Foi tão bonito, reconfortante e intenso que eu não consigo escrever sobre isto, pois tudo me parece falso ou estúpido quando tento expressar estes momentos. Vou ficar nisto: encontrei com grandes amigas e consegui alcançar uma felicidade que eu não me lembrava mais.
Semana passada estive em São Paulo.
(Antes, preciso colocar aqui uma confissão. Está difícil ir para Sampa, pois sinto que estou perdendo a cidade que tanto gosto. Fiquei por lá quase oito anos e, por muitos motivos que não quero refletir agora, tomei a cidade como parceira, amiga e terapeuta. Agora estou perdido, suspenso e sem a sua referência.)
(Aproveitei a visita e corri até o Centro. Entrei num botequim na Rua dos Gusmões e pedi um café. Busquei uma mesa solitária e fiquei por lá um bom tempo, sem pressa, sem culpa, sem passado e sem pensar em nada. Apenas respirando e ouvindo os sons das palavras que vinham da rua. Café sem açúcar.)
Na Segunda encontrei com meu orientador para uma conversa importante. Ele me acalmou, aumentou minha confiança na pesquisa e se mostrou como um grande amigo. Em Campinas saímos com alguns colegas para beber cerveja e aproveitei para conversar muito com ele sobre assuntos “não acadêmicos”. Que sorte eu tive de encontrar um professor tão correto, ético, erudito e radicalmente humano. Posso dizer que toda a minha ansiedade e preocupação com o exame de Qualificação desapareceram depois de poucas palavras que ele me disse. Senti que estava preparado, que tinha um trabalho que envolveu muito investimento, muito carinho e dedicação. Senti seriedade e amizade em suas palavras, o que me cobriu de tranqüilidade e orgulho.
Na Terça passei pelo exame de Qualificação. 14:00 horas, Departamento de História da USP. Fui cedo para a faculdade e fiquei na biblioteca lendo umas poesias do Roberto Piva, tendo idéias para textos que quero escrever neste blog. Fui almoçar no restaurante da Física e me entupi de comida árabe (arroz temperado com hortelã e alho, tabule, kibe de forno e salada de alface), sobrando espaço só para o café. Voltando para a História, senti que estava muito feliz e, ao mesmo tempo, muito solitário. Foi estranho sentir isto. Tinha um tesouro nas mãos, uma alegria forte e acalentadora, mas não conseguia encontrar ninguém para dividir tudo aquilo. Cheguei a invejar os casais de namorados que eu cruzava pelo caminho. Ali vi que estava realmente sozinho, ou melhor, só com minhas idéias. Sem dramas. Subi a Rua do Matão, que sempre está quieta e fresca, cantarolando sambas do Adoniran.
A banca foi composta pelos professores Dra. Maria Luiza Corassin, Dr. Francisco Murari Pires e Dr. Norberto Guarinello, meu orientador. Todos fizeram observações rigorosas e atentas ao meu trabalho, contribuindo com novas possibilidades e leituras que eu não me cansava de agradecer. Foram generosos, instigantes e responsáveis, revelando um “tipo” de intelectual que me seduz e inspira. Fiquei feliz por ser professor, reconfortado com o diálogo que tive com eles, sentindo que ainda posso e devo acreditar na minha profissão, que ela é significativa e importante para os meus sentimentos e para o mundo.
No resto da semana tive muitas emoções gastronômicas e afetivas, além de uma investida pesada nas bibliotecas da USP. Estive hospedado no apartamento dos meus amigos Luisão e Leandro (Gnomo). Estes dois são tão importantes em minha vida que nem sei muito bem como agradecer tanta amizade. Pizza, samba, Teodoro, Frei Caneca, Augusta e Madalena. Cerveja gelada e trabalho na manhã seguinte. Como nós conseguimos levar a semana toda permanece um mistério?
(Comprei o DVD do filme “As Invasões Bárbaras” e um livro do Foucault. Estou com umas inquietações que, temperadas e estruturadas, podem render um novo e estudo. Penso no que o filósofo francês pode me ajudar e fico excitado.)
O ruim de não estar em Sampa está nas pessoas que estou deixando de encontrar diariamente. Falo especialmente do Miguel Palmeira, do Fábio Joly e do Rafael Benthien. Queria estar com eles em algum grupo de estudos, aprendendo mais sobre Finley, Tácito e o sublime da tragédia grega. Também sobraria espaço e tempo (história) para cerveja, samba, futebol e muita piada.
Paciência. Estou mandando uns currículos e procurando novas possibilidades. Preciso de alunos, de dinheiro, de amigos e um tempo para cuidar das minhas idéias. Na verdade eu mereço isto!
(Tenho outras coisas para escrever sobre estas duas semanas. Tive muitas idéias que anotei em meu caderninho e que guardei na cabeça. Lembrei de tanta gente, de tantas situações... Preciso de vida, pulsando, correndo, trombando...)
(É sempre assim. Meu coração fica apertadinho quando tenho que ficar sozinho com minhas idéias e com um mundo de possibilidades que eu não consigo alcançar. Tantos fragmentos pequeninos, saudades gigantescas e sonhos retidos. Continuo cometendo o crime de censurar minhas ilusões de um futuro mais promissor. A Maria me pede calma e o Gnomo escuta com atenção. Estou cansado e preciso de uma boca para beijar, de uma cabeça para entender e de um corpo para explorar.)
(Fico pensando o quanto gastei com bebidas nestes dias. Não vou fazer as contas.)
(Quase 100 e-mail´s me esperando em minha caixa-postal. Apenas dois eram pra mim.)
Fiquei uma semana em Campinas, participando de um congresso na Unicamp. Tive problemas com vaidades sortidas, com o calor e com a solidão. Também fiquei intimidado com pessoas inteligentes, mas vazias de coração. Não vou ficar insistindo muito nisto, tudo superado. O que devo – e quero – registrar é que encontrei com a Ana e a Maria! Cervejas e carinhos durante três noites, um verdadeiro tesouro! A Cris apareceu, mas ficou pouco. Foi tão bonito, reconfortante e intenso que eu não consigo escrever sobre isto, pois tudo me parece falso ou estúpido quando tento expressar estes momentos. Vou ficar nisto: encontrei com grandes amigas e consegui alcançar uma felicidade que eu não me lembrava mais.
Semana passada estive em São Paulo.
(Antes, preciso colocar aqui uma confissão. Está difícil ir para Sampa, pois sinto que estou perdendo a cidade que tanto gosto. Fiquei por lá quase oito anos e, por muitos motivos que não quero refletir agora, tomei a cidade como parceira, amiga e terapeuta. Agora estou perdido, suspenso e sem a sua referência.)
(Aproveitei a visita e corri até o Centro. Entrei num botequim na Rua dos Gusmões e pedi um café. Busquei uma mesa solitária e fiquei por lá um bom tempo, sem pressa, sem culpa, sem passado e sem pensar em nada. Apenas respirando e ouvindo os sons das palavras que vinham da rua. Café sem açúcar.)
Na Segunda encontrei com meu orientador para uma conversa importante. Ele me acalmou, aumentou minha confiança na pesquisa e se mostrou como um grande amigo. Em Campinas saímos com alguns colegas para beber cerveja e aproveitei para conversar muito com ele sobre assuntos “não acadêmicos”. Que sorte eu tive de encontrar um professor tão correto, ético, erudito e radicalmente humano. Posso dizer que toda a minha ansiedade e preocupação com o exame de Qualificação desapareceram depois de poucas palavras que ele me disse. Senti que estava preparado, que tinha um trabalho que envolveu muito investimento, muito carinho e dedicação. Senti seriedade e amizade em suas palavras, o que me cobriu de tranqüilidade e orgulho.
Na Terça passei pelo exame de Qualificação. 14:00 horas, Departamento de História da USP. Fui cedo para a faculdade e fiquei na biblioteca lendo umas poesias do Roberto Piva, tendo idéias para textos que quero escrever neste blog. Fui almoçar no restaurante da Física e me entupi de comida árabe (arroz temperado com hortelã e alho, tabule, kibe de forno e salada de alface), sobrando espaço só para o café. Voltando para a História, senti que estava muito feliz e, ao mesmo tempo, muito solitário. Foi estranho sentir isto. Tinha um tesouro nas mãos, uma alegria forte e acalentadora, mas não conseguia encontrar ninguém para dividir tudo aquilo. Cheguei a invejar os casais de namorados que eu cruzava pelo caminho. Ali vi que estava realmente sozinho, ou melhor, só com minhas idéias. Sem dramas. Subi a Rua do Matão, que sempre está quieta e fresca, cantarolando sambas do Adoniran.
A banca foi composta pelos professores Dra. Maria Luiza Corassin, Dr. Francisco Murari Pires e Dr. Norberto Guarinello, meu orientador. Todos fizeram observações rigorosas e atentas ao meu trabalho, contribuindo com novas possibilidades e leituras que eu não me cansava de agradecer. Foram generosos, instigantes e responsáveis, revelando um “tipo” de intelectual que me seduz e inspira. Fiquei feliz por ser professor, reconfortado com o diálogo que tive com eles, sentindo que ainda posso e devo acreditar na minha profissão, que ela é significativa e importante para os meus sentimentos e para o mundo.
No resto da semana tive muitas emoções gastronômicas e afetivas, além de uma investida pesada nas bibliotecas da USP. Estive hospedado no apartamento dos meus amigos Luisão e Leandro (Gnomo). Estes dois são tão importantes em minha vida que nem sei muito bem como agradecer tanta amizade. Pizza, samba, Teodoro, Frei Caneca, Augusta e Madalena. Cerveja gelada e trabalho na manhã seguinte. Como nós conseguimos levar a semana toda permanece um mistério?
(Comprei o DVD do filme “As Invasões Bárbaras” e um livro do Foucault. Estou com umas inquietações que, temperadas e estruturadas, podem render um novo e estudo. Penso no que o filósofo francês pode me ajudar e fico excitado.)
O ruim de não estar em Sampa está nas pessoas que estou deixando de encontrar diariamente. Falo especialmente do Miguel Palmeira, do Fábio Joly e do Rafael Benthien. Queria estar com eles em algum grupo de estudos, aprendendo mais sobre Finley, Tácito e o sublime da tragédia grega. Também sobraria espaço e tempo (história) para cerveja, samba, futebol e muita piada.
Paciência. Estou mandando uns currículos e procurando novas possibilidades. Preciso de alunos, de dinheiro, de amigos e um tempo para cuidar das minhas idéias. Na verdade eu mereço isto!
(Tenho outras coisas para escrever sobre estas duas semanas. Tive muitas idéias que anotei em meu caderninho e que guardei na cabeça. Lembrei de tanta gente, de tantas situações... Preciso de vida, pulsando, correndo, trombando...)
(É sempre assim. Meu coração fica apertadinho quando tenho que ficar sozinho com minhas idéias e com um mundo de possibilidades que eu não consigo alcançar. Tantos fragmentos pequeninos, saudades gigantescas e sonhos retidos. Continuo cometendo o crime de censurar minhas ilusões de um futuro mais promissor. A Maria me pede calma e o Gnomo escuta com atenção. Estou cansado e preciso de uma boca para beijar, de uma cabeça para entender e de um corpo para explorar.)
1 Comments:
VOLTOU!!!!!!!!!!!!
BOM!!!!!!!!!!!!!!!
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