segunda-feira, julho 18, 2005

Perturbador

O primeiro solitário foi também o primeiro humano. E, depois, outros, e outros, e outros, fundaram novas solidões.
Nelson Rodrigues


Dia frio, desses que a gente quer ficar parado, abraçado ao cobertor, embalado por um bom livro. É o que estou fazendo.

Aproveitei as férias escolares para debruçar no mestrado, matar meia dúzia de artigos acadêmicos e arrumar a bagunça que está o meu quarto. É impressionante como tenho livros estranhos, coisas que não lembro de ter comprado. Descobri uma tese sobre a reforma agrária na Índia moderna. Interessante pensar a convivência de um estado democrático moderno com o secular sistema de castas. Bacana. Gostei de encontrar um texto sobre isto na minha biblioteca.

Estou lendo Pedro Juan Gutiérrez. Ganhei umas coisas do Gnomo, que ele trouxe da sua última passagem pela Espanha, visitando a Cris. Nuestro GG en La Habana é um título que ainda não tem tradução brasileira. Que chique! E o cubano, no original, consegue me excitar mais ainda. Hoje termino a novela.

Fiquei duas semanas sem escrever. Pois é. Estava doente numa delas, com uma gripe que me derrubou, e com preguiça na outra. Uma semana com preguiça, só lendo. O que não significa que não pensei em nada. Pelo contrário, pois fiquei rachando a cuca dias inteiros, pensando em muita coisa. Pessoas, bandas, mestrado, aulas, PT, amor, saudades. Não pensei em suicídio, mas cheguei a ficar bem triste, sem querer levantar. Que bom encontrar boa música nestes momentos. E eu dobrava o som.

Também tive uns sonhos perturbadores. Isto sim é estranho, pois eu quase nunca lembro do que sonho. Mas nestas últimas duas semanas, despertava com os sonhos, lembrando tudo, como um roteiro. Hoje tive um bem maluco em que eu não aparecia. Era uma coisa entre três irmãos e muitas mortes. Quando acordei fiz força pra lembrar se aquilo não foi alguma nota de um filme ruim que assisti de madrugada. Não creio. No Domingo sonhei com a mulher do meu último caso, com umas sacanagens que a gente fez. Acordei assustado, procurando alguém para conversar. A família toda tinha saído para uma feijoada no sítio de um conhecido. Levantei pensando nela, fiz meu almoço pensando também. Não consegui ler o jornal todo.

Hoje é segunda-feira e aproveito para cuidar do visual. Coloquei um radinho no banheiro e dediquei um tempão aparando minha barba. Ela estava horrível. Fiquei um bom tempo olhando no espelho, calmamente passando a navalha na pele. Demorei muito mais que o necessário, se bem que não entendo muito mais de prioridades e necessidades.

Amanhã é dia de aparar o cabelo, pela manhã. Depois quero trabalhar um pouco na dissertação e arrumar os diários de classe. Música e leite quente.

E quem sabe um sonho bom.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Opa! Tem um recado pra ti lá no Garatujas!!

11:25 AM  

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