quarta-feira, setembro 07, 2005

Distraídos venceremos OU Jazz


Transar bem todas as ondas
a Papai do Céu pertence,
fazer as luas redondas
ou me nascer paranaense.
A nós, gente, só foi dada
essa maldita capacidade,
transformar amor em nada.

Paulo Leminski


Estava escutando Vinícius e Toquinho. Dia de feriado. Trabalhei um pouco, risquei papéis e busquei a cadeira confortável para ler. No quarto.

(Fechei a porta, levei a garrafa d’água e li, em voz alta, o meu primeiro Leminski. Meu primeiro livro dele. Gostei tanto que pensei em fugir.)

O telefone tocou e eu estava comendo leite com cereais. Era a Pimenta. Amor é fogo; quando a gente ama uma pessoa, só a voz dela basta pra retirar da nossa cabeça qualquer vontade de silenciar. Conversamos bastante e ela me contou que sua avó materna tinha falecido. Queria dizer as coisas certas e acredito que fizemos bem um pro outro. Era importante conversar com uma pessoa querida.

No meio da tarde falei com o Eduardo. Amigo de militância, de fé. Conheço bem este rapaz, e ele também me conhece, afinal, moramos mais de três anos juntos. Impressionante como estávamos falando o mesmo idioma: trabalho, cansaço, trabalho, correria e trabalho. Sem muito tempo e entusiasmo pra conhecer gente nova. Ele contou do curso de alemão, que deve estar no seu quarto ano, e eu falei do mestrado. Ambos comentamos sobre nossas alunas gostosinhas.

Início de noite embalado no jazz, bem baixinho. Miles Davis. Estou lendo um livro sobre a formação das nações latino-americanas, aproveitando que posso me afastar um pouco dos compromissos nestas horas. Gosto de estudar e pretendo transformar isto, um dia, na minha profissão. Por enquanto ainda tenho que resolver questões em apostilas e terminar de escrever um texto cada dia mais bizantino. E quando posso, afino o violão pra descansar a cabeça.

Comprei um saxofone e estou tentando tirar algum som do instrumento. Aprendi umas escalas e já consigo tocar “Cai, cai, balão”. Sem pressa, pois penso nisto como um investimento. No futuro, quando estiver cansado e melancólico, sem nenhum bom amigo para visitar, quero tocar umas modinhas, uns temas de jazz e, quem sabe, um punhado de choros despreocupados. Com a maior pompa.

Estou cansado. Sinto que estou cada dia mais solitário e recluso. Também tenho medo de estar “emburrecendo”, acomodando com tanta cerveja gelada e gasolina no carro. Está dentro de mim um caldeirão de idéias, borbulhando, mas tenho me ocupado bastante para deixar estas brasas apagarem. Não dá para aceitar, passivamente, mais uma temporada de novas violações. E sei que é o momento de procurar afiar meus prateados princípios.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Thegun, entra na ciranda das Duas Fridas, também!

3:32 PM  
Anonymous Anônimo said...

E olha só, eu moro perto do Eduardo. E já encontrei o Érico (sabe?) diversas vezes na rua.

3:32 PM  
Blogger kellen said...

para engrossar o coro, com a renata: entra! entra!
besitos

12:37 PM  

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