quarta-feira, agosto 24, 2005

"Adeus" com um misto de "desculpa"

Vamos começar com um mea-culpa: semanas sem postar coisas novas! Não é mole! Acontece que, nestes tempos tão bicudos, resolvi adotar uma postura reservada, ou no linguajar fresquíssimo, desconfiado. É bom desconfiar de tudo.

São tempos bicudos.

O ponto é que penso no blog todos os dias. Geralmente no início da noite, quando me banho. Não sei bem qual é a relação, nu, com água e espuma, pensando no blog. Se ele estivesse inclinado aos temas eróticos – que sempre foi meu desejo – seria fácil entender. Mas não. Penso em postar poesias (minhas e outras, roubadas), postar crônicas (minhas e outras, roubadas) e textos gerais (aí nem Deus sabe!).

Mas não.

Oquei. Tenho novidades. Estou com mais seis aulas, numa escola / cursinho. Mais cursinho do que escola. O novo é que estou ganhando um pouco mais, trabalhando um pouco mais, cansando um pouco mais. O bom é que estou pegando o jeito, ao menos sinto, e estudando cada vez mais. Gosto de História, Filosofia e outras áreas das Humanidades. Só não sei bem se consigo ser um bom historiador.

Outra coisa. Consegui um tempo pra terminar o mestrado. Na verdade, foi o Norberto. Já coloquei aqui que amo o meu orientador? Pois é... Ele arrancou mais uns meses da USP, mas colocou sua condição: uma vez por mês tenho que bater cartão em São Paulo pra mostrar serviço. Legal é que as reuniões não serão na universidade, mas sim em sua casa, com direito ao almoço e mundaréu de filhos.

Tem mais.

O PT. É a angústia do dia?

Pois bem, cansei de ficar no constrangimento. E aqui vai um recado direto pra quem quiser tomá-lo como tal: é muito fácil passar a vida sem nunca embarcar em nenhuma militância, sem tomar nenhum gosto pelas discussões públicas e políticas. Acontece que este não é o caminho que estou. Nem sei quando começou, mas sempre gostei de política, de pensar processos, de debater. Ou seja, não abandonei o projeto petista, genuíno, inovador. Não este que está aí na presidência, recheando cuecas.

Assim fica fácil? Oras, devemos ter a grandeza de entender que as idéias são maiores, e mais valiosas, que os homens. O PT não é Zé Dirceu, assim como as alternativas de esquerda para o Brasil não são o PT. Resolvido isto, tenho outros pensamentos. Paul Singer, István Mészáros, Fernando Haddad, Marilena Chauí, Milton Temer, Plínio de Arruda Sampaio e Fábio Konder Comparato. Agrupei uma pequena bibliografia, livros, artigos e entrevistas, quase toda lida e fichada. Quero escrever, nem que seja uma linha, sobre tudo isto. Escrever pra mim, não para os outros; preciso entender isto tudo e conseguir refletir alguma coisa. O que está acontecendo no cenário político brasileiro é algo muito forte e exige cautela. É o momento de muita reflexão e ação. Tenho lá minhas idéias fixas, e estudar história para as aulas está ajudando muito nisto.

O ponto, ou melhor, o ponto de flexão do Brasil moderno, ao meu ver, está na delicada relação entre o passado colonial e a burguesia brasileira*. PT e PSDB estão intrincados nisto, já que ambos os partidos iniciaram um processo de “aburguesamento” de nossas instituições, antes interrompido pelo golpe militar de 1964. Agora tenho pensado no que deu errado. Talvez a adoção de modelos. Os tucanos prometeram transformar o Brasil em um Chile, inaugurando nossa entrada no mundo desenvolvido e na civilização do capital. Não dá, aqui não teve Allende. Teve FHC comendo buchada de bode durante sua primeira campanha. Ainda teve todo o processo das privatizações, que também mereceria atenção de investigações. Do lado petista majoritário, a adoção do modelo PRI mexicano é inegável. Só que ele também esqueceu que aqui é... Brasil!

E tome novela das seis!!!!

Por fim, quero dizer que estou lendo e ouvindo muito. Não vou fazer uma lista, que seria pedantismo torto. Também ando saindo sozinho. Gosto de dirigir de madrugada e das luzes tingindo o escuro que me lembram São Paulo. Buscando sexo e bebendo cerveja. Quase sempre pensando em alguma moça.

Como se vê, minha vida têm se limitado a dizer “adeus” com um misto de “desculpa”.


* Por isso tenho comigo que o próximo texto deve ser “A Revolução Burguesa no Brasil”, de Florestan Fernandes.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ufa! tô até sem fôlego!
:)

11:20 AM  
Anonymous Anônimo said...

em tempo: tem que rolar convitinho pra sua defesa!

11:20 AM  

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