quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Um retrato no fundo da gaveta

Me deixa louco por saber que não estou
onde há pouco eu reinava, como num salão,
beijava-te a mão
e éramos dois a rodar, e rodar, e rodar
Dois a Rodar
Mauro Motoki

Escrever. Engodos, debates e impasses provocados pelo
desejo de “exprimir” o sentimento amoroso numa “criação”
(particularmente de escrita)
Fragmentos de um discurso amoroso
Roland Barthes


Minha vontade é ficar apenas nas citações, capturando cada canção e novela que me toca. É sobre-humano amar, diz uma música cantada pela Zizi. Podemos e devemos desconfiar de tudo, mas não hoje. Esta tarde é minha e quero ter nela meu instante de sensibilidade. História das mentalidades.

Pela noite tem show de rock´n´roll. Vou rodar os quarenta quilômetros da rodovia, lanterna ligada, som na cabeça. Vou. Roupa leve, calça desbotada. Encontro um lugar tranqüilo e fico bem com duas ou três latas de cerveja.

Lembro de algumas coisas; outras, inevitavelmente, esqueci. De seus olhos eu recordo bem, como dois faróis d’alma, rompendo meus medos, desarmando a vida. A fim de ficar entre seus rins.

Coladinho.

Estranho é que o mundo não mudou. Fomos amantes e quase amigos. Quase deu certo. E meu rosto foi se moldando ao tempo, sulcado, manchado e com novas marcas. Nada superficial.

Calado, e como não estar? Tudo bem, tudo bom. Ainda ouvindo as músicas do Ziggy Stardust, perfumando o quarto com sândalo e com a mesma mania de deixar bilhetes dentro de livros. Ainda vai embora em silêncio?

Como uma homenagem aos nossos momentos e todas as canções. Como um mistério.

Não tem fim.

1 Comments:

Blogger alexmrosa said...

Sr. The Gun,
tá feito o link pro meu blog!
confira alguns textos que andei publicando por aí.

10:04 PM  

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