segunda-feira, março 27, 2006

Dom

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Cotidiano
Chico Buarque



Insone. Tive lá uns momentos de brilho, como uma vez, de passagem por Bauru. Apaixonado, sabe? Daí a gente faz cada coisa.

Atualmente tenho apenas isto: insônia.

Estava assistindo TV mergulhado numa grande irritação. Tem horas que nem eu me agüento... Mas não é bem isto. Estou confuso, pensando nas bobagens que faço com minha vida amorosa, cada dia mais abstrusa.

Não consigo me envolver profundamente com ninguém, só com livros, estradas e receitas. Fiz uma salada indiana ontem que me comoveu: tudo feito com esmero, atenção nos detalhes e na evolução dos ingredientes. Deixei os temperos conversando um bom tempo antes de finalizar.

Queria me dedicar assim aos sonhos, como no passado.

De tempos em tempos passo por uma temporada de torturas. Orkut serve para alguma coisa. Mexer em fotos de antigos amores tem lá sua poesia, mesmo doída. Queria fumar, mas não posso.

Fiquei ouvindo Chico. Mas só as músicas antigas.

E entre uma foto e outra deu uma saudade... Saudade mesmo! Nem tanto das mulheres ou das horas boas. Senti saudade de mim.

Saudade. Saudade. Saudade. Até o coração perder o fôlego...

Saudade.

Existem momentos que são assim mesmo, como letra de bolero. Não dá pra mudar, o que se há de fazer? Aprendi a respeitar isto e sentir, como respiração, cada fração. Até gosto tem.

Se esta noite tivesse mais três horas eu teria uma outra explicação. Mas não.

Não.

1 Comments:

Blogger Bia said...

Abstrusa??
Bonita palavra!
nunca tinha lido...

8:02 PM  

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