sexta-feira, março 10, 2006

Meu catálogo de erros

Os olhos cansados e um copo sujo que torno a completar com whisky. Um vazio tremendo, sem pressa, encosto a cabeça na cama e tento imaginar alguma coisa, qualquer coisa. Vazio.

Lupicínio em voz bem baixinha, branda e vagarosa, como um tempo esticado, vela por minhas lembranças e curtas ilusões que movimentaram minha vida. Não tenho chegada, estico o corpo e fico olhando as sombras do ventilador girando, movimentando o quarto.

Os livros entulhados. Minha vida entulhada.

Lupicínio. Entro no carro e vou até a estrada vazia. Ninguém nas outras faixas. As luzes dos faróis iluminam a rodovia que passa zunindo quase como um rio. E o céu estrelado inspira minha respiração pausada em suspiros atrás de suspiros.

Vontade de ir até a estrada que leva até a outra estrada, e depois outra, e outra, e outra...

Madrugada. Estico o lençol e ligo o ventilador. Um silêncio de enlutar espíritos. Lembro do grande amor e quero pensar alguma coisa; não consigo. Os olhos pesados desabam, mas eu não pretendo dormir.