Caixas de Papelão
Semaninha difícil foi esta. Recostei-me na sombra do tédio e deixei o tempo correr, quebrando a cabeça com uns artigos ingleses e desejando uma dose dupla de rum. Sem gelo.
As tardes são sempre compridas. Na madrugada, TV ou literatura.
Na Quarta-feira eu me meti a arrumar caixas de anotações e documentos, quase tudo inútil. O dia todo nessa atividade, descendo caixas de papelão do armário, abrindo, limpando, lendo, arrumando, guardando novamente no alto do armário... Queria me livrar de muita coisa, jogar fora metade da papelada, mas desisti. Preguiça e medo.
Uma caixa permaneceu lacrada e intocada. Melhor não despertar demônios.
Encontrei muitos rabiscos de idéias soltas, desabafos tolos, e li alguns com muita vontade e curiosidade. Queria saber se tinha evoluído em algo, mudado, sobrevivido. Como sobrevivi? Não encontrei a resposta, mas me diverti muito comigo mesmo.
Um texto escrito em 1998 reapareceu com tanta força. Neste ano minha mãe ficou doente e por pouco ela não me deixou. Fiquei tão assustado que até hoje fujo destas lembranças e não gosto de trabalhar com estes dias. Tento esquecer. Mas as palavras riscadas no papel diziam uma coisa tão certa e óbvia que estou com vontade de retomar tal reflexão, relendo os garranchos por horas, ouvindo jazz, baixinho. Naquela ocasião descobri que estamos, irremediavelmente, sozinhos, encerrados cada um em de nós em sua própria solidão. Disse que era algo óbvio, mas nem mesmo por isto deixa de ser uma sentença profunda. Independente da família, de Deus, do beijo, da mão amiga e do copo cheio, seguimos sozinhos levando apenas nossas idéias imperfeitas e falhas.
Nesta semana também contei para meus pais, enquanto tomávamos sopa de ervilhas, que desejo ir embora. Para qualquer lugar. Nada de espanto e poucas palavras de questionamento ou apoio. Talvez eles saibam que eu dificilmente vou escapulir para um lugar muito longe, deixando que eu fale, que eu sonhe, que eu deseje. Talvez seja mesmo isto. Mas eu vou.
Estou acanhado e cinza, cultivando autocensura, voto de silêncio e vazio nas idéias. E isto lá é vida?
As tardes são sempre compridas. Na madrugada, TV ou literatura.
Na Quarta-feira eu me meti a arrumar caixas de anotações e documentos, quase tudo inútil. O dia todo nessa atividade, descendo caixas de papelão do armário, abrindo, limpando, lendo, arrumando, guardando novamente no alto do armário... Queria me livrar de muita coisa, jogar fora metade da papelada, mas desisti. Preguiça e medo.
Uma caixa permaneceu lacrada e intocada. Melhor não despertar demônios.
Encontrei muitos rabiscos de idéias soltas, desabafos tolos, e li alguns com muita vontade e curiosidade. Queria saber se tinha evoluído em algo, mudado, sobrevivido. Como sobrevivi? Não encontrei a resposta, mas me diverti muito comigo mesmo.
Um texto escrito em 1998 reapareceu com tanta força. Neste ano minha mãe ficou doente e por pouco ela não me deixou. Fiquei tão assustado que até hoje fujo destas lembranças e não gosto de trabalhar com estes dias. Tento esquecer. Mas as palavras riscadas no papel diziam uma coisa tão certa e óbvia que estou com vontade de retomar tal reflexão, relendo os garranchos por horas, ouvindo jazz, baixinho. Naquela ocasião descobri que estamos, irremediavelmente, sozinhos, encerrados cada um em de nós em sua própria solidão. Disse que era algo óbvio, mas nem mesmo por isto deixa de ser uma sentença profunda. Independente da família, de Deus, do beijo, da mão amiga e do copo cheio, seguimos sozinhos levando apenas nossas idéias imperfeitas e falhas.
Nesta semana também contei para meus pais, enquanto tomávamos sopa de ervilhas, que desejo ir embora. Para qualquer lugar. Nada de espanto e poucas palavras de questionamento ou apoio. Talvez eles saibam que eu dificilmente vou escapulir para um lugar muito longe, deixando que eu fale, que eu sonhe, que eu deseje. Talvez seja mesmo isto. Mas eu vou.
Estou acanhado e cinza, cultivando autocensura, voto de silêncio e vazio nas idéias. E isto lá é vida?
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