Paisagem lunar
Quero, terei -
senão aqui,
noutro lugar que ainda não sei,
nada perdi
tudo serei.
fernando pessoa
Estou cansado e você também
Vou sair sem abrir a porta e não voltar nunca mais
Desculpe a paz que lhe roubei e o futuro esperado que não dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus às coisas passando
Eu quero é passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo
Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando, não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos...
Movimento dos Barcos
jards macalé e capinam
Vou sair sem abrir a porta e não voltar nunca mais
Desculpe a paz que lhe roubei e o futuro esperado que não dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus às coisas passando
Eu quero é passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo
Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando, não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos...
Movimento dos Barcos
jards macalé e capinam
Não há poesia, não há choro, nem saudade. Chove muito, céu cor de chumbo, frio e esforço apenas para respirar. Poderia ser qualquer dia da semana, do mês, do ano ou século que seria a mesma situação, o mesmo sentimento de abandono. E Deus revela a sua mesquinhez em fabricar estes dias iguais.
Não estou saciado e nem faminto, estou arrebentado. Arrebentado, avassalado, vilipendiado, rompido, invadido e exilado. A repetição das idéias não é culpa minha, nem da mesquinhez divina. Não há nem culpa. É terra arrasada, inerte, infértil, inapta. Pior que paisagem lunar.
Não vou apertar o gatilho, dobrar os sinos ou declamar poesias: chove muito e o céu cor de chumbo pede movimentos comedidos. Só que não consigo abandonar minha incredulidade em observar tanta violência, tanta traição. É estranho, mas será que só eu vejo, só eu sinto, só eu reclamo destas violações cotidianas? Houve um tempo de grandes amigos que hoje não conseguem cruzar olhares. Não consigo me conformar, penso que estamos, diariamente, assinando nosso atestado de falência humana.
Não devo viver assim.
E agora estou nu em frente do espelho. E o que me resta são as cicatrizes ganhadas com a existência. Sobrevivendo tão somente, aguardando, esperando, na tocaia, em gestação. Nada foi em vão, repito sempre para não me esquecer. Nada foi em vão!
Não estou saciado e nem faminto, estou arrebentado. Arrebentado, avassalado, vilipendiado, rompido, invadido e exilado. A repetição das idéias não é culpa minha, nem da mesquinhez divina. Não há nem culpa. É terra arrasada, inerte, infértil, inapta. Pior que paisagem lunar.
Não vou apertar o gatilho, dobrar os sinos ou declamar poesias: chove muito e o céu cor de chumbo pede movimentos comedidos. Só que não consigo abandonar minha incredulidade em observar tanta violência, tanta traição. É estranho, mas será que só eu vejo, só eu sinto, só eu reclamo destas violações cotidianas? Houve um tempo de grandes amigos que hoje não conseguem cruzar olhares. Não consigo me conformar, penso que estamos, diariamente, assinando nosso atestado de falência humana.
Não devo viver assim.
E agora estou nu em frente do espelho. E o que me resta são as cicatrizes ganhadas com a existência. Sobrevivendo tão somente, aguardando, esperando, na tocaia, em gestação. Nada foi em vão, repito sempre para não me esquecer. Nada foi em vão!
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