quarta-feira, outubro 27, 2004

Um horizonte de cidades bombardeadas

Estou arrebentado, cansado mesmo. E chega de trabalho por hoje!

Descolei uma caixa do Heitor Villa-Lobos e contraí novo vício. É escutar para sentir uma deliciosa melancolia.

E por recomendação de uma doce amiga, encontrei um poeta português contemporâneo chamado Eugénio de Andrade. Gostei muito do que consegui ler até agora.

Não estou inspirado e nem incomodado demais para escrever. Quero mesmo é ouvir Villa e ler Andrade. E queria fazer isto com duas pessoas especiais.

Agora faço, só.



As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.


Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.


E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.


As palavras que te envio são interditas
eugénio de andrade