Meu primeiro post político
Volta
Vem viver outra vez ao meu lado
Não consigo dormir sem teu braço
Pois meu corpo está acostumado.
Volta
lupicínio rodrigues
O Amor é o rock e a personalidade dele é o pagode.
O Amor é um Rock
tom zé
Vem viver outra vez ao meu lado
Não consigo dormir sem teu braço
Pois meu corpo está acostumado.
Volta
lupicínio rodrigues
O Amor é o rock e a personalidade dele é o pagode.
O Amor é um Rock
tom zé
Ainda é feriado, pois não estou na escola. Graças. Aproveitei para ler e pensar no mestrado, trabalhando com um texto sobre testemunho e história. Sim. Flávio Josefo também foi testemunha, além de historiador, sobrevivente e, como eu, judeu. Judeu no sentido figurado.
Como uma benção.
OK. Meio de tarde, sozinho, já bêbado e resmungando como um idiota. Assim não é possível! É simples. Comecei bem com o texto do testemunho histórico, ficando por lá umas densas quatro horas. Antes fechei as médias do terceiro colegial. Daí lembrei da garrafa azul de Courvoisier Cognac (le cognac de Napoleon). Estou com uma mania saudável de trabalhar, durante o dia, numa mesinha que coloquei no jardim, coisas próprias do sertão. Levo minha sonata (com plástico imitando madeira) e fico por lá, lendo, escrevendo e viajando. Até aí, tudo bem. O problema foi quando busquei o sexto LP da fila. Até então estava tudo contido, com Chico e Ira!, café com conhaque, história e testemunho.
Troquei o vinil. Lupicínio. Agora é conhaque sem café. Mesmo.
Amor é bom, mas entenda, não é feito pelos amantes, estes o são por ele. O Amor transgride a regra burguesa da propriedade – o amante não. O Amor é primo da liberdade – o amante é dono de cartório, com a chave do enclausuramento. Assim, contraditório, no duplo-sentido tão bem captado nos sambas do Lupicínio Rodrigues, Adoniran Barbosa e Nelson Cavaquinho, é que reside todo o encanto, finura, (i)lógica e todo ópio do não-verbo amar.
E que não venham com o Amor pós-bossa nova, previamente estripado, exorcizado e contraceptivo. Sem dúvida, é muito mais higiênico. Ainda sou tosco e subnutrido de modernidade. Gosto das músicas com cantores de voz forte, acompanhados por orquestras ou trios de jazz. Samba-canção. Dor-de-cotovelo mesmo, assumido, uniformizado. Pois é lá que encontro uma realidade muito mais concreta do que o “infinito enquanto dure” do Vina.
Este é o lugar-comum.
O certo, o possível alcançado pelo gremista Lupicínio, é que este infinito só nos é realizado quando não negamos o que o Amor carrega também de frustração, inquietude, falta e sofrimento. E a ação de amar comporta não apenas em estar disponível ao gozo, ao flerte e aos prazeres da realização com o outro e com o mundo; sua certeza mais profunda se faz na serena e íntima convivência com a frustração.
Encontrei o local exato da cisão entre frustração-decepção e o ponto da criação, do trabalho no caos. Não dá pra esquecer de tudo, de viver só pela metade ou, como acusa o amigo, amar errado. Não se trata disto (como se fosse possível). Independente do gosto público, de encontrar ela belíssima com seu novo namorado e da pasteurização sentimental da modernidade, continuo besta frente ao gigante embaralhar de idéias do Amor.
Afasto a garrafa azul. Dobro o volume. Estico as pernas e esqueço de Deus.
(Bobo, né?)