segunda-feira, maio 22, 2006

Na minha boca palavras que eu queria falar


(Faz muito tempo que eu procuro este livro. Antes tinha ele pela biblioteca da FFLCH, mas não bastava. Edição esgotada, iniciei um périplo pelos sebos da Paulicea Desvairada. Nada. Coube aos olhos morenos, que tanto desejo zelar, encontrar o livro pra mim. Leitura obrigatória aos amigos de blog!)

Só a cabecinha

Nota dez para as meninas da torcida adversária
Parabéns aos acadêmicos da associação
Saudações para os formandos da cadeira de direito
A todas as senhoras muita consideração
Porrada
Nos caras que não fazem nada

Porrada
Arnaldo Antunes / Sérgio Britto


Hoje, bem de manhã, cruzei com um carro na estrada que portava, estampado no vidro traseiro, um imenso adesivo dizendo: “Alckmin para presidente do Brasil”. Estrondosas e retilíneas letras amarelas num fundo azul.

(O detalhe fica por conta do tucaninho estilizado. Horrível!)

O carro era de uma companhia de segurança e proteção. Segurança privada.

E se a piada não fosse trágica, acabei por encontrar um típico caso da coerência brasileira!

domingo, maio 21, 2006

Palavra Final

(Um amigo mandou por e-mail, respondido pelo bibliófilo José Mindlin. Disse que gostaria de saber das minhas alternativas. Não gosto muito de trabalhar com listas, mas confesso que foi muito divertido.)

Seu maior medo...
Acidente de avião e perder as pessoas que amo.

A pessoa que mais admira...
Esta é difícil. Admiro as pessoas valiosas e raras que possibilitam alegrias e aprendizados em minha vida.

O que mais odeia nas pessoas?
A falsidade.

E em você?
A insegurança e a preguiça.

Maior extravagância...
A boquilha do meu saxofone.

O maior arrependimento...
De, em algumas ocasiões, ter me comportado com soberba.

Seu bem mais precioso...
Minha pequena legião de amigos.

O maior sonho...
Ter uma boa biblioteca e tempo suficiente para trabalhar com ela.

O maior pesadelo...
Terminar a vida sozinho, doente e sofrendo.

Um lugar na terra...
A Vila Madalena e a casa de minha irmã.

Recordação de infância...
Cafunés de minha mãe.

Qual é sua religião?
Sou um ateu inconformado...

Livro de cabeceira...
Fragmentos de um discurso Amoroso, de Roland Barthes.

Frase preferida?
“Somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra”, Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil.

Trilha sonora?
Qualquer coisa do Adoniran Barbosa ou do Nelson Cavaquinho.

Qual é sua ocupação favorita?
Ler escutando música instrumental.

Sua idéia de felicidade perfeita...
Uma casa gostosa cheia de livros, de música, de amigos e de coisas boas para comer.

Sua idéia da miséria mais profunda...
A escravidão e a total ausência de dignidade humana.

Qual talento mais gostaria de ter?
Gostaria de ser poliglota.

Palavra favorita?
Constantinopla.

Qual profissão gostaria de ter tido?
Músico de choro e samba.

Qual profissão jamais gostaria de ter?
Trabalhar em um abatedouro de animais.

Escritores favoritos...
Paulo Leminski, Machado de Assis, Pedro Juan Gutiérrez, Guimarães Rosa e Santo Agostinho.

Qual seu herói favorito de ficção?
O Visconde de Sabugosa, de Monteiro Lobato.

Livro que todo mundo deveria ler...
Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.

Livro que gostaria de ter lido e não leu...
Paidéia, de W. Jaeger.

Livro que se orgulha de ter lido...
O Capital, de Karl Marx.

Livro que gostaria de ter escrito...
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

terça-feira, maio 16, 2006

O meu corpo em movimento

Fui buscar minhas novas lentes. Miopia. Creio que meus olhos estranharam o aumento de grau e fiquei com um pouco de dor de cabeça. Na verdade, levantei hoje com a cabeça estranha.

Perdendo hora, acelerei até a escola. Chegando lá dei com as portas fechadas. Recomendação da Secretaria de Educação para estes dias de Bagdá-Brasil. Não acredito que isto seja realmente necessário, mas o que posso fazer. Fiquei puto por ninguém me avisar.

Novamente em casa passei os olhos pelos jornais e me enfadei de ler sobre o PCC e a lista dos convocados. Tudo muito superficial e meramente informativo, como se saber quantas balas foram alvejadas num posto policial ou a opinião do Parreira sobre os adversários na Copa fossem questões relevantes nesta hora do dia. Não são.

Preciso conversar com alguém lúcido neste momento. Algo como assistir as aulas do Nicolau Sevcenko. Difícil. Ainda assim, com muito chá gelado, a gente vai levando. Sem limão.

Comprei o novo CD do Chico Buarque, aquela edição que está com o DVD. Carioca. Tenho que escutá-lo mais, apuradamente, com tempo. Também li três entrevistas suas, na TRIP, no Estadão e na Carta Capital. Anotei algumas observações e penso em escrever sobre elas. Agora não.

Estava animado com uma proposta de emprego, uma escola que me sondou. Nem sei mais. Os horários não são compatíveis e eles precisam que eu comece a lecionar na próxima semana. Assim fica complicado, pois estou empregado e não posso abandonar meus compromissos sem me preparar com antecedência. Pena, pois se conseguisse encaixar estas aulas em minha vida poderia voltar para a capital.

Estou apaixonado e confuso. Gostaria de possuir alguma certeza. Gosto dela e não queria perder este prazer. Um sentimento egoísta. O que sei é que cresci muito nesta relação e me entendo como um homem cada dia mais consciente da confusão. Consciente de coisa nenhuma. Não dá pra saber de nada e nem pra dizer “eu te amo”.

Música brasileira.

Conversei com uns amigos queridos dos tempos de USP. Fiquei sabendo de antigos colegas, inoculados pelo consumismo e fetichismo do “carro zero”. Estranho. Pensei na minha vida e tentei fazer uma reflexão. Desejo cada vez menos só que, os desejos, com maior perfeição e definição. Sei o que quero. Desculpem os arautos de Alphaville, mas sonho com minha biblioteca.

E com os olhos de Clarissa.


Soñé que el fuego helaba
Soñé que la nieve ardia
Y por soñar lo imposible
Soñé que tu me querias.
- anônimo