O Sultanato Selvagem
azar no amor
de que me serve
sorte no amor
se o amor é um jogo
e o jogo não é meu forte,
meu amor?
O fato é que estou perdido nesta madrugada. Marina, Leminski, whisky. Perdido e um pouco perturbado.
Depois que passei uma noite em seus braços, subindo a temperatura, o silêncio se tornou muito mais mudo e a noite ainda mais escura. Nem o violão dedilhado, inspirado na atenção, consegue esconder o óbvio.
Está tão óbvio assim?
Leminski, não me toque nessa dor! O nosso trato, lembra? Você ensinou cantando que ela é tudo que me sobra.
Cinema mudo. Livro aberto. Cama vazia.
Eu penso e quero e sonho e luto e babo e choro e banho e cago e desejo você
Sultanato selvagem. Meu corpo é campo de batalha, guerra civil e martírio sem fé. No meu hálito ainda sinto o seu, quase como o cheiro de pólvora.
A chama lasciva, oscilando.
Seria mais fácil se não tivesse esta dor estranha que eu não sei dizer onde é que surge, que fisga e tomba. Tão somente dói. Simples.
É assim, Leminski? E agora? Qual loop da montanha-russa? Qual limão azedo transformado em limonada? Qual canção do Itamar Assumpção?
Não maldizer o amor, eu sei. Mesmo, assim, quanta imprudência em todos os meus toques.
Outra vez.